quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poetas das Trevas


Rabiscando em folhas
Desejos obscuros
De um novo mundo
em nossos sonhos

Desabafando a ansiedade
em cantos escuros
Transformando as doces lágrimas da tristeza
em sangue
Sob o cálice de cor escarlate
Somos frutos da escuridão,
Agora poetas das trevas

Por trás das sombras, nossa alma
Quando refletida ao mar
O doce pesadelo vira realidade
espíritos da dor
venham até a nós
que nos inspiram em mais uma vez
escrever, escrever, escrever
sobre nossas feridas
dos amores inacabados

O sentimento do ódio
é tudo o que temos
solidão é tudo o que nos resta
nossos corações aprisionados
libertados serão
apenas na condição
da dor eterna

A sete palmos do chão
Renascemos
e nas sombras viveremos

Rosas negras, manchadas de sangue
do próprio sangue dos autores
da poesia da vida
a letra da morte

Em nossos olhos
as sombras das noites passadas
ao som da melodia da noite
iluminados pela lua cheia
para sempre poetas das trevas

Sinto sua falta
Volta pra mim...

Como eu cheguei ate aqui?
Bem,eu acho que sei

Sinto sua falta
Meu mundo caiu...
depois que você partiu...

Meu coração esta machucado...
Chora em pedaços...

O tempo acabou...
Eu devia ter aproveitado você
enquanto pude,mas eu...
não soube fazer isso...

Como eu cheguei ate aqui?
Bem,eu acho que sei...

Você era meu herói!
O único que confiava...
Por que você se foi?
Bem,eu acho que sei!

Devia ter aproveitado...
Aproveitado você,
enquanto pude mas...
Não soube fazer

E todo aquele tempo?
Você tanto prometeu
Não pode cumprir...
Estou sangrando...
Sangrando por dentro...

Como eu cheguei ate aqui?
Bem,eu acho que sei...
Eu acho que sei

Você tentava decodificar
meus sentimentos...
Você acreditava que
um dia eu mudaria
Bem,aqui estou!
mas cade você?

Volta pra mim!
Eu não dizia a verdade...
Nunca falei de coração...
Mais você me ensinou a fazer isso...
E agora onde voce esta para ver isso?
Eu acho que sei...

Eu te amo...
Eu preciso de você...
Volta pra mim...

Como cheguei ate aqui?
Bem,eu acho que sei!

Agora estou dizendo a verdade
E onde voce esta para ver isso??
Bem,eu acho que sei!

Mais agora você esta morto...
Mais agora você virou cinzas...

Como eu cheguei ate aqui?
Eu acho que sei...
Eu acho que sei...

Caminho a felicidade

Longe de você, sou apenas mais uma neste mundo cruel...
Nada me fere , nada me atinge...
Mais quando estou contigo, é diferente...
Eles tentam te usar para me atingir...

Quando estou contigo, sou uma mera mortal...
Sinto as dores do mundo com você...

Se você chorar eu choro, se você correr eu corro....
Se você gritar eu grito, se você morrer...eu morro

O que mais queria agora é te levar para meus sonhos...
Meus doces sonhos...
Onde seremos mais felizes

Diga que sim... E viajaremos só nós dois...
Moraremos no meio do nada...

Diga que sim... E partiremos daqui esta noite...
E assim seremos
Só nos dois...
Partindo daqui esta noite
A caminho da felicidade...

E então...
Amanhã nós já estaremos
A caminho da felicidade...
Apenas nos dois...

Chora Menina

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Entre a angústia que aperta
e a morte que é certa
Nada é a escuridão
para quem é filho da solidão

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
O que temer desse mistério,
confinada em um cemitério
Se apenas os mortos a ouvem chorar
e Deus não te ouve orar?

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
De nada nos adianta odiar
quando já nos foram matar
Assim que inútil é gritar,
a saída é escondida chorar

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Espere que um dia hão de se compadecer
aqueles que tu deixas te bater
Espere que olhe a um oprimido
outros olhos refletindo caráter destruído

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Permita-me ceder meu lenço,
pois lágrimas, há muito, dispenso
Não faço da vergonha meu véu
nem da minha dor, alheio troféu

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Chora a inocência perdida,
chora sua alma vendida
Chora a dádiva jamais concebida
pois o amor na sua vida é chaga proibida

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Caia a lágrima que dignifica
derrame o sangue que purifica
Feche os olhos, entregue-se boa irmã
Alegre-se no inferno, princesa de Satã

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Mas antes de se afogar em sua sangria,
antes de apodrecer sua carne doentia
Peço que não tente por mim chorar
a beleza que a vida me foi roubar

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Até que um dia ouçam seu sussurro
nunca irá querer ver seu futuro
Antes seu rosto esconder
do que no inferno da consciência arder

Chora menina,
se ainda te restam lágrimas para chorar
Se ainda há algum dejeto a derramar
se ainda há sangue para jorrar
Há uma alma para trocar,
se ainda espera se salvar...

Cantos de Miséria

Desespero-me a pintar flores
Enquanto contemplo minha miséria
Cubro de negro véu minhas dores
Ri a loucura sob minha face séria

Silêncio:
Almas estão sendo ceifadas
Para que outras,
Em fino vinho sangue,
Sejam perdoadas

Não mais tenho o que pensar
Não mais tenho o que temer
O que posso pagar,
Por estar cansada de tremer?

Onde estão os outros,
Para onde haveriam de ir?
Será que caíram mortos,
Ou se cansaram de aplaudir?

A dor alheia,
Das janelas do mausoléu,
É uma diversão verdadeira
Em ossos alheios esculpir troféu

Desfilam os colossos
Em palcos de vísceras
E ganem o ratos nos foços
E no inferno, almas míseras

Em baixo tom confesso
Derramando sangue,
Por falta de lágrimas, verso:

"Cantos de miséria
choram retalhos de memória
Miúdos calados de alma,
contam minha história"

Desejo eu o pecado da carne
E também a ressurreição
Entregaria-me ao escarne
Se fosse por um pouco de compaixão

Desejo estar morta,
Ao passo que choro meu cadáver
Lamenta minha pele torta
Nunca ter podido viver

Demônios à noite,
Vêm-me falar
Já que os vivos ao açoite,
Fazem-me calar

Deixo minha alma de presente
Para quem, dela, quiser abusar
Despeço-me solenemente
E continuo a versar:

"Cantos de miséria
choram retalhos de memória
Miúdos calados de alma,
contam minha história"

Fecho meus olhos,
Enquanto as trevas não me vêm levar
Abrem-se meus lábios velhos
Enquanto sentem a morte entrar

Cessam as estrelas no céu
E os cortes entalhados
Cala-se a música do mausoléu
E nos meus lábios, os sorrisos forçados

Não mais preciso fingir
Para viver uma mentira
Não mais preciso sorrir
E esconder do mundo minha ira

Qual é o prêmio que levaremos
Por viver uma vida que não vive
Por que nos calaremos
Diante à sina de sermos livres?

Para mim não faz diferença
Ignorar ou simplesmente calar
Em mim, morreu minha crença
Pois meu anjo não mais me vem cantar:

"Cantos de miséria
choram retalhos de memória
Miúdos calados de alma
contam minha história"

Assim como contam
Meus restos espalhados
Assim como montam
Meus pedaços deixados

Minha trilha,
Minha vida na escória
Minha ira,
Minha inútil glória